Terça-feira, 27 de Março de 2007
Aos 83 anos a alegria de assinar o Bilhete de Identidade
 


A Milho D’Oiro – Associação Cultural e Artística de Gavião, Vila Nova de Famalicão, “levou”, na passada quarta-feira, dia 21, as primeiras formandas do curso de alfabetização ao Registo Civil de Vila Nova de Famalicão para pedir um novo Bilhete de Identidade, onde passará a constar a assinatura feita pela titular.

Acompanhadas por Nelma Azevedo, a professora que, desde Março de 2006, vem desenvolvendo, de forma totalmente voluntária, este projecto, a D. Maria Pereira, com 83 anos e a D. Idalina Lourenço, com 74, chegaram à Conservatória cerca de 30 minutos antes da hora marcada (11h30), com uma alegria contagiante estampada no rosto, para concretizarem o sonho de assinarem o novo Bilhete de Identidade.

Acompanhavam-nas também vários familiares e quase todos os colegas da turma, actualmente com onze formandos, o que diz bem da importância do acto em que iam intervir.

Quem marcou presença também foi o presidente da associação Milho D’Oiro, Sérgio Marques, o presidente da Junta de Gavião, António Ribeiro e o Presidenta da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão, Armindo Costa que logo após a assinatura dos impressos que darão origem ao novo BI, aplaudiram e felicitaram as duas senhoras, que estavam visivelmente emocionadas.

Sérgio Marques referiu mesmo que o dia 21 de Março era um dia muito especial, não apenas para as duas senhoras, mas também para a associação realçando que “no Dia da Árvore estamos aqui a mostrar os primeiros frutos de um trabalho totalmente voluntário, desenvolvido pela professora Nelma, um trabalho que vamos continuar porque sabemos que estamos a contribuir para a felicidade das pessoas”.

Armindo Costa felicitou a associação por “esta importante iniciativa” e apontou: “a senhora Maria, com 83 anos e a senhora Idalina, com 74 anos são um exemplo para todos nós, devem ser um exemplo para aqueles jovens que, mesmo com as boas condições de que hoje dispõem, arranjam sempre desculpas para não estudar, que acham que a escola é uma seca” e dirigindo-se às duas senhoras, felicitou-as dizendo: “como autarca, estou muito orgulhoso de vocês, não por haver menos dois analfabetos no Município de Famalicão, mas pela vossa coragem, pela vossa determinação. As senhoras são um bom exemplo para todos nós”.

Para as duas senhoras “este foi um dos dias mais feliz da minha vida” – afiançavam. A D. Idalina acrescentava que “no meu tempo não era obrigatório ir à escola e como tinha de trabalhar no campo, nunca aprendi, mas tive sempre muita vontade...”. Uma vontade que não esmoreceu e acabou por transformar-se numa realidade.

Maria Pereira é natural de S. Cipriano, no concelho de Resende, onde nasceu há 83, anos, tendo fixado residência em Gavião há cerca de 20 e afirma também que “nunca tive oportunidade de aprender, porque tinha que trabalhar, mas nunca perdi a esperança. Agora, vou até onde puder!...”.

No Dia da Árvore, como referiu Sérgio Marques, a associação mostrou os frutos de um importante trabalho desenvolvido por uma jovem professora, que ainda consegue arranjar tempo extra para este trabalho voluntário. No Dia da Poesia, o sonho que nunca deixou de comandar a vida das duas senhoras, pulou e avançou “como bola colorida, entra as mãos de uma criança” – repetiria António Gedeão se estivesse ainda entre nós.



Publicado por milhodoiro às 18:37
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